quarta-feira, 3 de junho de 2009

Capitulo X - Pera - A Divisão das Águas

   O café da manhã do Hotel História era servido em um terraço, na cobertura do edifício. A vista que tinham da cidade, do Bósforo e das mesquitas já seria o suficiente para ficarem ali por horas. O bufê não ficava por menos, era farto e delicioso. Além de café, leite, chá, cereais havia também uma mesa repleta de diversos tipos de pães, inclusive o prefierido do irmão de Ibraim: pain au chocolat. Ibraim comia as frutas secas, iorgurte e outros quitutes locais, enquanto seu irmão empaturrava-se de ovos mexidos, chocolate quente e pain au chocolate. Ficaram por um bom tempo comendo, apreciando a vista e definindo o que fariam durante o dia. A cada cinco minutos Ibraim tentava conexão com Maryem, sem sucesso. Seu irmão aproveitava e servia-se de mais um pouco de comida, e, conhecendo Ibraim, sabia que não iriam almoçar. Ele diria que tinham tido um café-da-manhã muito reforçado e que deveriam comer somente no jantar. Ele não entendia como o irmão podia ser tão bem sucedido, muito mais rico do que qualquer outro membro da família e mesmo assim ainda ser tão mesquinho quando o assunto era comer fora. O irmão tinha de fazer das tripas coração para poder convencer Ibraim a ir a um restaurante típico ou mesmo a um café. Por via das dúvidas ele comeria um pouco mais do que o costume.

Por outro lado o irmão jamais vira Ibraim tão diferente como nos últimos dias. Ele estava notadamente apaixonado e a paixão o fazia um homem diferente, incrivelmente melhor. Ibraim gostava da idéia de estar amando e simplesmente sorria ao pensar em Meryem. Embora o sorriso estava ficando um pouco amarelado com a preocupação em não conseguir falar com a amada.

O irmão de Ibraim, ao contrário, já não queria mais paixões. Vivera desde a adolecência um novo caso de amor eterno a cada três meses. Já havia sofrido, caído e se reerguido por causa de amores uma trezentas e cinqüenta vezes. Sempre prometia a si mesmo que não mais envolveria-se com ninguém, mas nunca cumpria a promessa. Era um romântico incontrolável. A cada nova paixão, fazia planos de amor eterno, casamentoe essas coisas Alguns encontros depois e tudo mudava. Por isso talvez gostasse tanto de viajar com o irmão, pois a frieza e a seriedade do irmão eram freios pra qualquer paixão desenfreada. Podia assim aproveitar mais os lugares e realmente fazer turismo. Uma vez em uma viagem a Moscou, sequer foi ao Kremlin, pois já se apaixonou em pleno voo -  do aeroporto foi direto para um subúrbio da capital russa e lá ficou os três dias que reservara para conhecer Moscou. O romance durou três meses, mas os custos da viagem Londres-Moscou não ajudaram e o amor chegou ao fim. Em Paris foram quatro viagens, quatro amores distintos, e só conseguiu fazer a visita completa pela cidade, ir à Torre Eiffel e ao Louvre quando uma vez encontrou com Ibraim que estava em um congresso na capital francesa.

Era a primeira vez também que ele via Ibraim realmente feliz. Mesmo preocupado por não conseguir contactar Meryem ele estava mais feliz do que jamais havia estado em toda vida. Ele falava das coisas da Turquia com uma paixão nunca vista. Ele falava sobre a mãe pela primeira vez sem aquela saudade doída. Veio conhecer a terra de Jasmim e acabou por conhecer a si mesmo e encontrar o amor.

Ibraim já havia planejado o dia, mas, fazendo parte do novo Ibraim que revelara-se na Turquia, ele fez como que se estivesse decidindo em conjunto com o irmão o que fariam. Conversaram mais um pouco e por fim decidiram ir à Pera, atravessariam o Bósforo e iriam para aquela região na parte européia de Istambul, que era como o centro comercial de Istambul. Uma vez decididos, levantaram-se e saíram, não sem antes Ibraim pegar uma maçã e colocar no bolso e seu irmão pegar mais um pain au chocolat e colocar na boca.

Caminhavam em direção à praça Sultanamed onde pegariam o bonde até o outro lado do estreito, quando o irmão de Ibraim lembrou-se que havia esquecido a câmera no terraço onde haviam tomado café da manhã.

Deixando Ibraim em frente à uma loja de tapetes, correu até o hotel, foi até o terraço e a câmera ainda estava lá. Pegou mais um pain au chocolat e ao voltar e passar pela recepção ouviu alguém chamando:

-Senhor Ibraim Ramos, mensagem para o senhor. – disse um recepcionista que ele não havia visto antes, com um envelope na mão.

Ele pensou em explicar que ele não era Ibraim, mas sim que era o irmão dele, que levaria a mensagem e entregaria ao verdadeiro Ibraim. Porém achou melhor simplesmente pegar a mensagem das mão do recepcionista, agradecer e sair.

Ao sair do hotel, o irmão sem tirar os olhos do estranho envelope endereçado à Ibraim, virou para a esquerda em uma ruela e em poucos minutos não tinha mais idéia de onde estava.

O irmão de Ibraim estava sempre perdido. O que lhe salvava era o bom humor e o fato de que não se preocupava muito em estar perdido. Ele sempre se perdera desde criança, fosse no supermercado, na cidade, no campo. Conhecera os mais inusitados sítios de Buenos Aires quando uma vez encontrou-se perdido na bairro da Boca. Em Caracas, sem querer foi parar em uma reunião clandestina e posteriormente manifestação contra o governo, enquanto buscava simplesmente um McDonalds.

Tentou retornar ao hotel e não encontrava o caminho de volta. Ele podia perguntar a alguém, mas isso era a última coisa que ele fazia nessas situações. “Perguntar é para fracos” – dizia a si mesmo.

Andava por ruas que não conhecia, tentava ver se encontrava algum ponto de referência, uma loja, uma mesquita, outro hotel, não via nada que houvesse visto antes. E, finalmente quando encontrou algo que havia visto antes era uma loja que havia passado alguns minutos atrás, quando já estava perdido.

Estava desistindo quando avistou uma loja de tapetes. Imaginando que fosse a loja em que havia deixado Ibraim ele entrou. A loja era enorme, assustadoramente ela era muito maior por dentro do que aparentava ser por fora. Havia milhaes de tapetes ali. Além dos espalhados em montes e dos presos nas paredes como se fossem quadros, haviam rolos e mais rolos de tapetes acostados em uma das paredes, em pé, um apoiando no outro. Logo que entrou um vendedor muito simpático e falante começou a sondá-lo, na esperança de vender ao menos um tapetinho. Ele tentava falar em inglês com o vendedor perguntando sobre Ibraim e este só respondia sobre tapetes.  Como quem fosse apoiar a mão na parede, o irmão estendeu o braço esquerdo e encostou em um dos tapetes enrolados. Ao notar que não era parede ele tirou a mão rapidamente, mas já era tarde, o tapede enrolado caiu sobre o outro tapete que por sua vez caiu sobre um terceiro tapete. A seqüência de quedas de tapetes foi espetacular. Parecia um jogo de dominós. Um barulho de tapetes caindo e coisas quebrando tomou conta do lugar. E uma pequena nuvem de poeira logo surgiu, cobrindo a loja. O vendedor começou a berrar e aos poucos outros três turcos apareceram e começaram a gritar com o pobre do rapaz que simplesmente saiu correndo da loja, pulando os tapetes que estavam no chão e sendo perseguido pelos vendedores. Ele correu tão rápido que despistou os vendedores e quando viu estava na rua onde havia deixado Ibraim.

Ibraim estava sentado tomando um chá com o vendedor de tapetes da outra loja quando viu o irmão chegando ofegante.

-       Até que enfim! O que houve?

-       Eu me perdi!

-       Como você pode ter se perdido daqui até o hotel? Olha daqui dá pra ver o hotel.

-       Eu não sei como, só sei que me perdi e acabei entrando em uma loja de tapetes e fazendo a maior confusão. Vamos embora que eu não quero ficar aqui.

-       O que você aprontou dessa vez?

-       Nada. Só derrubei uns tapetes que estavam enrolados, mas foi sem querer. Eles ficaram furiosos comigo!

-       Alguns tapetes? Mas isso deve ser comum.

-       Acho que eram pelo menos uns mil tapetes. E alguns saíram rolando pela rua.

Balançando a cabeça em sinal de desaprovação, mas não contendo uma risada, Ibraim bateu gentilmente nas costas de seu irmão e disse:

-       Só você mesmo. Agora vamos!

Ibraim agradeceu o chá e disse que voltaria mais tarde para comprar algum tapete. Explicou ao irmão que os vendedores turcos normalmente são bastante atenciosos, convidam para um chá, para um café e ficam conversando, mudando de assunto até que conseguem vender o que querem.

- Não deu nem tempo para tomar um chá lá na outra tapeçaria! – disse o irmão, já recomposto. Tirando a camera fotográfica do bolso, mostrou-a ao irmão dizendo:

- Pelo menos a máquina estava lá.  Intacta!

Com um bom humor e alegria raros Ibraim continuou a caminhar abraçado com seu irmão em direção ao ponto onde o bonde parava. Um moderno sistema de bondes novos, desses que parecem trens, tornava fácil o acesso à qualquer local turístico de Istambul. E, em conjunto com o metrô que atendia uma outra parte da cidade e se interligava com os bondes era possível andar por toda Istambul sem necessitar de carro.

O bonde passava a cada dois ou três minutos e estava sempre lotado. Ele descia pelas ruas tortuosas de Istambul, disputando o pequeno espaço com carros e pedestres, deslizando e parando em pontos estratégicos como no Palácio de Topi, no Bazar das Especiarias e nas docas onde centenas de turistas embarcavam para um cruzeiro pelo Bósforo. Atravessava o Bósforo por uma ponte longa e estreita e chegava do outro lado onde uma outra Istambul, não menos vibrante e não menos intrigante borbulhava.

Os dois irmãos desceram no ponto final do bonde, em uma parada chamada Kabatas, onde um novo trem funicular subia os 60 metros de morro até a Praça Taksim, novo centro nervoso de Istambul – em um bairro chamado Pera.

O funicular, assim como tudo em Istambul estava lotado. Entraram no vagão e Ibraim sentou-se no primeiro assento que viu, o irmão localizou um assento mais ao fundo e dirigiu-se pra lá. Quando estava para sentar-se uma mulher bem magra, de cabelos pretos bem longos e crespos, vestindo uma roupa negra parecida com uma burca, porém sem o véu, um nariz avantajado e um pouco desforme empurrou-o e sentou-se no assento livre. Ela estava vindo das compras e carregava uma sacola de supermercado na mão e uma vassoura nova, ainda com etiqueta, na outra. Ele ficou irritado pois teria dado o lugar de qualquer forma e achou que não precisava ser empurrado por causa disso. Porém ao reparar que a mulher carregava uma vassoura e tinha uma aparência muito estranha ele falou em voz alta, sem sequer pensar.

-       O que houve minha senhora? Acabou a gasolina da vassoura?

Ao notar o que acabara de falar ele começou a rir de si mesmo. E não conseguia parar. Olhava para a mulher e para a vassoura e gargalhava, ria sozinho pois Ibraim estava do outro lado do vagão. Ele tentava desviar o olho, pensar em outra coisa, mas não tinha jeito, bastava ver a vassoura que caia na gargalhada. Tentava conter o riso mas era ainda pior. Ele começava a rir de boca fechada e sem conter-se, abria a boca numa enorme gargalhada. Os passageiros olhavam para ele com olhar desconfiado, outros riam junto sem saber de que, apenas contagiados pela gargalhada. Ainda bem que era apenas um trecho curto.

Chegando no topo, na estação Praça Taksim, saiu do trem e conseguiu parar de rir. Encontrou Ibraim na porta do trem e tentou-lhe contar o que houvera. Mas cada vez que começava a contar a história ele começava a rir novamente e não conseguia terminar.

-       Então era você que estava rindo? – Disse Ibraim com um tom de desaprovação.

-       Era sim! – replicou o irmão começando a rir novamente ao imaginar a mulher entrando com a vassoura na mão.

A Praça Taksim é uma grande praça com um enorme monumento à República turca no centro. De lá era possível pegar o metrô e ir para outras áreas mais distantes de Istambul, bem como um pequeno e nostálgico bonde tem seu ponto inicial na praça. O bonde segue pela Avenida da Independência, que é uma via exclusiva para pedestres, até a Praça Tünel, tocando seu sino barulhento para afugentar os pedestres da Avenida.

Taksim, em turco, significa divisão, e ali, em um dos pontos mais altos da cidade a água era dividida e enviada através de aquadutos para diversas áreas.

Saíram e caminharam pela rua de pedestres que estava lotada. Lojas de marcas famosas, cafés e restaurantes espalhavam-se pela rua. Uma multidão passeava calmamente pela rua, só abrindo espaço para o bonde  que passava mais frequentemente do que se esperava. Ouviam o badalar de um sino que anunciava que o bonde estava passando, abriam espaço, o bonde passava e voltavam para o meio da rua como se nada houvesse acontecido. E assim passaram uma ou duas horas caminhando, entrando em algumas lojas, comprando nada e tirando fotos.

Durante todo o trajeto o irmão tentou em vão convencer Ibraim a parar para tomar um café turco. Somente conseguiu convencê-lo quando chegaram ao final da rua, e mesmo assim somente para acompanhá-lo e lá ficaram por uma meia hora conversando sobre a cidade. Finalmente o irmão conseguiu contar a história da bruxa com a vassoura sem gasolina no funicular. Ibraim não achou graça nenhuma e o irmão viu que realmente era muito sem graça a história. Mas mesmo assim riu novamente, desta vez rindo de si mesmo por ter rido tanto.

Tirando do bolso uma cópia de uma das cartas de sua mãe, Ibraim disse:

- Eu estava lendo isso aqui de manhã, veja só. Minha mãe esteve aqui há 30 ou 40 anos, mas parece que ela descreve o que acontece agora.

 “Meu filho,

Acho que meu fascínio pelo mundo ocidental começou nessa região de Istambul chamada Pera. Pera é como o centro “novo” de Istambul.

Quando eu ia a Istambul, a trabalho ou a passeio, sempre dava um jeito de chegar a Pera. A rua principal é uma rua longa e larga, que começa na Praça Taksim e vai até a Praça Tünel. É uma rua quase que só de pedestres, porém é tão apinhada de gente que parece um rio humano.  

Ali, a combinação de lojas, restaurantes e cafés me fascinava. A presença constante de turistas de todo o mundo, as vitrines com artigos de todos os cantos, os restaurantes locais e internacionais, a vista da cidade, tudo me mostrava que eu havia nascido para ir além de Istambul.

No início da avenida é possível ver o hotel Pera Palas. Ele foi construído em 1892 para abrigar os passageiros do Expresso do Oriente, que vinha de Londres e Paris até Istambul, na época ainda conhecida como Constantinopla. Quantas vezes eu não fiquei parada ali imaginando as pessoas chegando do trem e indo para o hotel, gente do mundo todo, de todo o mundo. Foi lá no quarto 411 onde Agatha Christie escreveu o livro “Assassinato no Expresso Oriente”, o quarto nunca mais foi utilizado por outro hóspede, mantiveram tudo como era na época em que a Dama do Crime esteve lá.

Toda essa história era muito fascinante para mim, ainda uma menina de 18 anos louca por descobrir o mundo.

No final da avenida, já na Praça Tunel, existe um funicular que leva até Gálata.  Todos éramos muito orgulhosos de termos o funicular, que foi o segundo sistema de metrô construído no mundo. (Somente quando fui na Argentina que soube que eles reclamavam o título de também terem construído o segundo sistema de metrô. Lembro-me de ter ficado confusa, mas ao ver que eles também diziam que haviam inventado o doce de leite, vi que era alguma brincadeira que faziam com turistas desavisados).

O funicular para mim era como uma viagem no tempo, levando-nos da antiga Istambul presente em Gálata até a moderna e refinada Pera. E, eu sempre pensava em fazer esta viagem definitivamente: da antiga e sufocante Turquia para uma vida livre e cheia de aventuras, mas só fui ter coragem no dia em que conheci seu pai. Eu comparo minha vida à essas duas realidades de Istambul, e o seu pai foi o “funicular” que me tirou de uma vida antiga, cheia de tradições e cá entre nós, um pouco sem graça, para uma vida fascinante, bela e cheia de aventuras.

Como já lhe disse em outras cartas, a Turquia é o menos tradicional e o mais liberal de todos os países de população muçulmana. Eu sempre senti-me privilegiada por ter nascido lá, em uma família culta, e não em outro país árabe onde as mulheres até hoje não podem sequer dirigir ou andar sem um véu cobrindo o rosto. Mas, mesmo assim, ao conhecer o mundo ocidental e a cultura brasileira eu notei que ainda era cheia de amarras e não era livre. Mesmo com o advento da República e com o exército apoiando e garantindo a existência de um governo laico, ainda existem regiões onde o sultanato, a submissão, e a falta de liberdade predominam. E não é fácil lutar contra essas realidades. Ao conhecer seu pai, eu notei que ainda tinha muitas amarras a cortar, muitas cadeias a quebrar. E, amarrando-me de uma outra forma ao seu pai – por amor e não por sobrevivência – tornei-me mais livre e mais feliz do que nunca.

Nas poucas vezes em que eu e seu pai estivemos na Turquia acho que era nos restaurantes de Pera que mais nos identificávamos. Pois era em Pera que Istambul misturava o antigo com o moderno, a Europa com a Asia, o Islam com a liberdade de pensamento.

Eu já havia visto o mundo moderno e ocidental em minhas inúmeras viagens a trabalho, mas nunca havia encontrado algo que mostrasse que aquele mundo fosse realmente diferente do mundo muçulmano e conservador em que eu havia nascido. Tudo era incoerente e fascinante ao mesmo tempo. Eu sabia que não pertencia ao mundo do Islam, mas também não encontrava meu lugar em mundo algum. Como eu escrevi acima, seu pai foi como aquele funicular que saindo do mundo de Gálata, onde as tradições e o continuísmo dominavam, me levou até Pera, onde um mundo eletrizante e cheio novas experiências pulsava.

Ele me mostrou uma vida diferente, pela primeira vez eu vi que era possível embarcar em um novo mundo, sem ter necessariamente que esquecer e apagar com tudo o que me prendia ao meu passado. Eu podia ser como Pera, que sem perder a vista para o mundo antigo, sem romper com todo o passado, mas inevitavelmente quebrando alguns laços, se lançava para uma nova vida em uma nova era. E assim eu também me lancei nessa nova aventura que veio a ser a mais bela aventura de minha vida. “

Ibraim dobrou a carta e colocou no bolso do paletó, os olhos estavam querendo transbordar a qualquer instante.  Seu irmão quebrando o silêncio disse:

- O papai já viu essa carta Ibraim?

Meio sem graça e com um pouco de vergonha Ibraim falou:

- Não. Eu nunca mostrei a ele. Achava que eram minhas e que ele não precisava saber. Acho que eu sempre tive ciúmes ou inveja não sei. Ele teve tanto a presença de minha mãe e eu não tive nada.

Pensando no que disse, Ibraim respirou um pouco e pensando em voz alta disse:

- Assim que eu chegar ao Brasil mostrarei a ele. 

3 comentários: